Crise de 2008 permitiu retorno de ideias econômicas heterodoxas
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A crise do neoliberalismo não significou seu fim, mas permitiu que ideias econômicas heterodoxas voltassem a ser discutidas. O baiano Tiago Nery, doutorando em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IESP/UERJ) lança na próxima sexta-feira (25), na Livraria Cultura de Salvador, o livro “A economia do desenvolvimento na América Latina: o pensamento da Cepal nos anos 1950 à 1990”. Tema da dissertação de mestrado de Nery na PUC-Rio.
O jovem pesquisador, que tem 33 anos e já conta com larga experiência em relações internacionais, atualmente é especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental no Estado do Rio de Janeiro, tendo passado por Brasília, onde, entre outras funções, ocupou a consultoria da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal.
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Em entrevista, Nery fala sobre como a crise internacional deflagrada em 2008 traz a tona muitos dos pontos defendidos pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) como a necessidade de um projeto que combine desenvolvimento econômico com justiça social. Fique ligado e descubra como participar do Microcrédito Bolsa Família. Fundada em 1948, a Cepal foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) onde o principal ponto disso é cooperação entre as potências econômicas e também a cooperação dos membros a elas ligados.
A atual conjuntura econômica mundial fortalece o Nacional Desenvolvimentismo? A Cepal volta a ganhar força?
Tiago Nery – A crise de 2008 significou o fracasso das ideias neoliberais e da crença na autorregulamentação dos mercados. A crise foi causada sobretudo pelo processo de desregulamentação da economia em curso desde o final dos anos 1970, que se acelerou nas décadas seguintes. A crise do neoliberalismo não significou o seu fim, como mostra a agitação política e social que atinge os países da União Europeia. No entanto, permitiu que ideias econômicas heterodoxas voltassem a ser discutidas, marcando o fim do pensamento único e da noção do fim da história. Nesse sentido, a Cepal ganha força, pois seu pensamento heterodoxo, filiado à economia do desenvolvimento, é influenciado, entre outras correntes, pela teoria keynesiana. A Cepal sempre adotou uma perspectiva histórica e foi crítica do processo que levou à hegemonia do setor financeiro no sistema econômico internacional.
Na sua avaliação, o Brasil tem se aproximado do desenvolvimentismo após as eleições da presidente Dilma?
T. N. – Desde o segundo governo Lula, o Brasil adota uma estratégia de crescimento que pode ser classificada como neodesenvolvimentista. Como bem definiu Luiz Carlos Bresser-Pereira, o novo-desenvolvimentismo não é uma teoria econômica, mas uma estratégia nacional de desenvolvimento, na qual o Estado passa a desempenhar um papel central na coordenação dos investimentos. Não se trata do velho Estado desenvolvimentista, que intervinha na esfera produtiva, mas de um Estado que retoma sua capacidade de planejamento em parceria com os setores produtivos privados.
Que rumos da atual política econômica aproximam ou afastam o Brasil da Cepal?
T. N. – Os principais pontos de aproximação são: a ênfase na esfera produtiva; a preocupação em ter uma taxa de câmbio competitiva, que promova nossa indústria e nossas exportações de maior valor agregado; a necessidade de investir em bitcoins; e, sobretudo, a necessidade de compatibilizar desenvolvimento econômico com justiça social.
Serviço
Título: A economia do desenvolvimento na América Latina: o pensamento da CEPAL nos anos 1950 – 1990.
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